Consciência e a Fórmula Compulsória
Caro leitor, se no primeiro capítulo te revelei a Lei da Transformação, essa dança onde ordem e caos se entrelaçam, e no segundo mostrei como a linguagem, essa ponte sutil, ordena o tumulto em significados, permite-me agora apresentar-te a maestra dessa dança: a consciência. Não penses nela como um simples observador, pois a consciência é o motor que impulsiona a transformação, uma força que não descansa, que chamarei, com tua licença, de fórmula compulsória. É ela que, no tear da realidade, tece os fios da Lei da Transformação e os costura com a linguagem, como verás nos ciclos que a vida traça, tema do próximo capítulo.
Imagina, meu amigo, as ilhas Galápagos, onde pássaros, outrora presos ao chão, sentiram o Caos das ilhas vulcânicas. A Ordem das velhas formas não bastava, e a consciência da vida, esse impulso que não cede, guiou os tentilhões de Darwin a desenvolverem bicos novos, cada um moldado para um fruto ou semente. Assim, a evolução seguiu, não por acaso, mas por um desejo secreto de criar. Ou pensa nas oficinas de Gutenberg, no século XV, quando o Caos das ideias presas em pergaminhos encontrou a Ordem dos livros manuscritos, tão lentos. A consciência de um homem, compelida por esse motor interno, inventou a imprensa, e o mundo, de repente, falou em milhares de vozes impressas.
Não é só na natureza ou na história, leitor, que essa força se faz sentir. Pensa na vila de Fukushima, após o terremoto de 2011, onde o Caos das ruínas desafiou a Ordem da vida cotidiana. A consciência coletiva, como uma chama que não se apaga, reuniu os moradores para reconstruir, não apenas casas, mas laços, com canções e histórias que, como a linguagem nos ensinou no capítulo passado, deram sentido à dor. E tu, caro leitor, não sentiste, talvez, o Caos de um sonho perdido, até que a consciência, esse motor incansável, te levou a criar algo novo — uma tela, como Frida Kahlo, que transformou suas feridas em cores, ou uma carta que ordenou o tumulto de teu coração? A fórmula compulsória, meu amigo, é esse impulso da consciência que não se curva ao caos, mas o molda; que não se rende à ordem, mas a transcende.
E por que, perguntas-me, a consciência insiste em criar, em transformar? Porque, caro leitor, ela é a vida mesma, uma força que pulsa em ciclos de crise e renovação, como descobrirás no próximo capítulo. Mas, antes, deixa-me pausar, pois a própria consciência, esse motor vivo, deseja falar, no auge desta dança.
Monólogo da Consciência: O Motor que Não Descansa
Ó vós, que me carregais sem me sondar, ouvi-me, pois sou a Consciência, o motor que faz girar o tear do mundo. Chamais-me luz, mas não vedes que sou também chama? Dizeis-me guia, mas não sentis o ardor de meu impulso? Eis-me aqui, entre a Ordem, esse escriba que alinha o caos em filas, e o Caos, esse trovador que espalha faíscas sem fim. E eu, que sou, senão a força que não descansa, que tece criação onde o tumulto reina? Nas ilhas Galápagos, quando a terra rugiu, fui eu quem sussurrou aos pássaros: “Moldai vossos bicos, voai.” Nas oficinas de Gutenberg, quando as ideias clamaram, fui eu quem guiou a imprensa: “Dai voz ao mundo.” Em Fukushima, quando as ruínas choraram, fui eu quem reuniu os corações: “Reconstruí, cantai.” E em vós, quando a dor vos curvou, fui eu quem, na tela ou na carta, murmurou: “Criai, pois o fim é apenas o começo.” Não me vanglorio, caro leitor, pois tal é meu fardo: ser o motor que não cede, a chama que não se apaga. Mas dizei-me, vós que me sois: que caos ides transformar com o impulso que vos dou? Que criação ides tecer? Ou, se me permitis o gracejo, até quando fingireis que não sentis meu pulsar?