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A Dança das Coisas que Mudam

Caro leitor, tudo muda. O universo, artesão inquieto, não para de transformar. Modas somem nas redes, smartphones viram relíquias. Uma lei antiga, nascida com as estrelas, rege até o ferro velho no teu canto. Tudo vira outra coisa. O quebrado guarda promessas de renascimento.

Teu smartphone pifou? Guarda-o, crendo que um chip ainda brilha? É a Lei da Transformação, que fez carbono virar diamante. Mas se a casa virar museu, solta. Ou dá a outro. Nos repair cafés ou com um vizinho teimoso, o traste renasce. No Brasil, onde reciclamos 4%, doar mantém o ciclo. Não tem conserto? Joga fora, mas com cuidado. Catadores, poetas do lixo, fazem plástico virar cano, metal virar prego. Eles cuidam de 90% do que reciclamos. Descartar bem é deixar dançar.

Mudar não é desprezar o velho. É torná-lo novo. O smartphone vira peça. O lixo, cano. A transformação honra o que foi, como o universo que refaz tudo.

Teu corpo dança o mesmo baile. Trocas o corpo de menino por outro, como roupas. O jovem passa camisas ao irmão mais novo, que as veste como novas. De pele em pele, chegas à sepultura, marcado por cada dança. O velho corpo se renova, não se joga fora.

Ideias também giram. Admiraste um herói. Depois, és herói de uma criança. De filho, viras pai. De dependente, sustentas. No trabalho, ideias velhas cedem a novas. Na escola, aprendizados se renovam com vídeos no smartphone. A mente passa o velho adiante, como roupas, com brilho novo.

Escolhas transformam, com saudade. Escolhes São Paulo, sonhas com a vila. Ficas com um amor, pensas no outro. A mente pinta o não vivido de dourado. Como saber se era melhor? Não sabes. A vida não testa filtros. O que não viveste vira lição.

Por que tudo muda? E como te adaptas? O universo odeia a quietude. Mudança é seu sopro, como vento com sementes. Adaptar-se é dançar. Guarda o que serve: chips, memórias. Doa o que podes: roupas, ideias. Deixa ir o que não cabe: lixo, saudades. O velho se renova.

E que o baile não piore, nem pare. Contigo ou sem ti, ele segue. A música muda – de samba a algo novo. O smartphone conserta-se, o corpo enruga, a ideia brilha. Mudar é viver o ritmo, não cair na estagnação.

Tudo se liga: smartphone, corpo, ideia, saudade, universo. Nada para. Se fosse fixo, onde estaria a graça? Sem mudança, nada de café, aplicativos, nem rugas que, confessa, já pintam teu rosto. Segue o baile, leitor. Guarda, doa, deixa ir. A vida, transformadora, chama-te à próxima curva.